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segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Introdução a Medcina Tradicional Chinesa (primeira parte)

A medicina tradicional chinesa (doravante designada MTC) é muito mais do que uma prática médica. Consideramos aqui a palavra médica dentro do conceito ocidental que significa "arte ou ciência de evitar, curar ou atenuar as doenças (segundo o dicionário Aurélio)". Também dizemos que a MTC é um conjunto de recursos terapêuticos, não a define bem. Na verdade o seu conceito é muito mais amplo. Quando entramos em contacto com a MTC ela mostra-se como um caminho para o tratamento, mas logo em seguida percebemos que para se tratar a doença, precisamos desenvolver o nosso auto-conhecimento e finalmente percebemos que a MTC é um caminho de transformação e uma opção de vida.
Na realidade, quando estudamos profundamente a MTC percebemos que suas raízes encontram-se fundamentadas no "Livro das Mutações" (I Ching). Este influenciou a ciência, a filosofia, a arte e toda a sabedoria do povo chinês. O I Ching é uma ciência numerológica, onde se classifica todos os eventos nos 64 hexagramas. Também é muito utilizado como um oráculo de sabedoria. Influenciou o confucionismo, o taoísmo e do budismo na China.
Como podemos observar, a MTC está baseado em princípios filosóficos, na observação dos fenômenos da natureza e na sua influência energética, no ser humano, nas suas relações internas e externas, na astrologia chinesa, na compreensão do princípio único (Tao) e na sua dualidade energética (Yin e Yang).
O objetivo das práticas terapêuticas baseadas na MTC, é compreender os fatores que propiciaram ao indivíduo o seu desequilíbrio energético e tentar estabelecer a fluidez energética obtendo o equilíbrio. Para isso, o seu diagnóstico (mais correto avaliação energética) procura estabelecer relações do seu comportamento, alimentação, analisa odores, transpiração, pulso, língua, condições da natureza que esteve exposto, entre outras coisas, para determinar qual é o princípio de tratamento a ser realizado. Este tratamento energético pode ser obtido através de diversas práticas terapêuticas orientais:
Acupuntura: técnica de inserir agulhas finíssimas em pontos específicos dos meridianos com o objetivo de restabelecer o fluxo natural de energia (doravante denominada chi). A acupuntura pode ser dividida em sistêmica (aquela que utiliza agulhas no corpo inteiro), auriculoacupuntura (utiliza o pavilhão auricular com agulhas, sementes, esferas e magnetos), Koryo Sooji Chim (insere agulhas nas mãos), Colorpuntura (utiliza das cores) entre outras técnicas.
Moxabustão: técnica que consiste em aquecer ou queimar os pontos, restabelecer o fluxo de chi. Também é muito utilizada para expulsar o frio dos canais.
Ventosa: técnica que se utiliza copos que produzem o vácuo sobre uma determinada região (pressão negativa), promovendo assim que o sangue se superficialize, com isto desfaz a estagnação de sangue. Muitas vezes também utilizado para promover a sangria da região.
Massagem: através de toques, pressões e deslizamentos tem como objetivo ativar o fluxo energético. Há diversos tipos de massagem (shiatsu, tui-ná, an-ma, seitai, jão tche, entre outras).
Fitoterapia: através da utilização de plantas, propicia a ativação, eliminação e o fortalecimento do chi.
Chi Kun: técnica que se utiliza exercícios, posturas e meditações baseados na respiração tem como objetivo desenvolver a consciência e o aprimoramento do chi.
Feng Shui: estudo das moradias, tem como objetivo desde escolher o local onde devemos morar até definir o tipo de construção.
I Ching: técnica cabalística que tende através da sabedoria dos hexagramas e sua interpretação, mostrar as opções do caminho a seguir.
Astrologia Chinesa: através das influências das energias no momento (hora), dia, mês e ano do seu nascimento tenta ajudar na compreensão da sua personalidade e tendências.
Um erro comum no ocidente, é acreditar que as práticas terapêuticas orientais são uma maneira apenas de tratamento das doenças. Estas práticas são uma ciência com conceitos próprios diferentes e independentes dos conceitos da medicina ocidental.

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