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sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Fitoterapia Chinesa Segunda Parte

Este artigo dá prosseguimento à Primeira Parte, onde foi exposto um breve histórico do desenvolvimento das idéias por trás do modo de operação da Fitoterapia Chinesa. Aqui descreveremos os princípios gerais de classificação e uso das drogas fitoterápicas. Estes princípios gerais referem-se à conceitos próprios da Medicina Tradicional Chinesa, como “padrão de desequilíbrio energético”, “qi“, e classificações peculiares dos loci das doenças, entre outros – por isto recomendamos alguma familiaridade prévia com estes conceitos.

Propriedades dos medicamentos

Quatro propriedades e cinco sabores
As drogas podem ser classificadas segundo sua propriedades térmicas, ou seja: quentes, mornas, frias e geladas, e ainda pode-se falar numa quinta propriedade, a neutra. No entanto, como drogas de natureza neutra tendem a ser levemente mornas ou frias, usa-se geralmente o termo “quatro propriedades”. Drogas frias e geladas diferem na sua propriedade térmica apenas em grau, e na maioria têm os efeitos de dispersar o calor, eliminar o fogo, remover substância tóxicas, e nutrir o yin, e são usadas para curar síndromes de calor (yang). Em contrapartida, drogas de natureza morna ou quente normalmente têm os efeitos de dispersar o frio, aquecer o interior, fortalecer o yang, e tratar colapsos, e são por isto usadas para tratar síndromes de frio (yin). Drogas de natureza neutra podem ser usadas para síndromes yin ou yang.
O termo “sabor” refere-se não necessariamente à sensação no paladar causada por uma substância, nesse contexto, mas sim à uma propriedade da substância que é determinada de acordo com seus efeitos no organismo (em termos fisiológicos). Assim, os sabores de muitas drogas descritos nos textos de materia medica são muitas vezes diferentes do gosto real das drogas. Há sete sabores: picante, doce, amargo, azedo, salgado, ausente e adstringente. Como normalmente os sabores doce e ausente coexistem, e azedo e adstringente têm os mesmos efeitos, usa-se habitualmente a expressão “cinco sabores”.
Picante: as drogas picantes têm efeitos de dispersar o agente patogênico exógeno do “exterior” do corpo e de promover a circulação do qi e do sangue. São normalmente usadas para tratar condições leves e do exterior devido à agentes patogênicos exógenos, estagnação de qi e/ou de sangue.
Doce: têm os efeitos de nutrir, repor, tonificar ou enriquecer diferentes partes ou órgãos do corpo, normalizando a função do estômago e do baço, harmonizando os efeitos de drogas diferentes, e aliviando o espasmo e a dor. São normalmente eficientes para tratar síndromes de deficiência, tosse seca, constipação devido à secura dos intestinos, desarmonia entre o baço e o estômago, e vários tipos de dor. Além disso, também são desintoxicantes.
Azedo: têm os efeitos de induzir a adstringência e parar as perdas (de substâncias do corpo). São freqüentemente usadas para tratar suor devido à debilidade, tosse crônica, diarréia crônica, emissão seminal, espermatorréa, enurese, micção freqüente, leucorragia crônica, metrorragia ou metrotaxia.
Amargo: as drogas de sabor dito amargo têm os efeitos de dispersar o calor, eliminar o fogo, dominar a rebelião do qi ascendente enviando-o para baixo (para tratar tosse e vômitos), relaxar as vísceras, e eliminar a umidade. Tais drogas são usadas para síndromes de fogo, tosse com dispnéia, vômitos, constipação devido à calor-cheio, síndromes de calor-umidade, de frio-umidade e outras.
Salgado: têm efeitos de aliviar constipação por purgação, e dissolver e amaciar massas duras. São usadas para tratar fezes secas e constipação, escrófula, gota, massas abdominais e outros problemas.
Ausente: têm efeitos de expelir umidade e induzir a diurese, e são usadas normalmente para edema e disuria.
Adstringente: tem ações similares às drogas de sabor azedo.
Duas substâncias podem ter o mesmo sabor e propriedades térmicas diferentes, ou vice-versa. Menta e ephedra, por exemplo, têm ambas o sabor picante, mas a menta tem propriedade fria e a ephedra quente. Assim, a menta pode ser usada para tratar invasão por vento-calor e a ephedra invasão por vento-frio. Isto ilustra como pode-se escolher uma substância com base no seu sabor e na sua propriedade térmica.

A ação da droga (movimento)
As drogas também podem ser classificadas por sua ações no corpo em termos do movimento que causam. “Subir” significa exatamente subir e mandar para cima, “descer” significar precisamente o oposto, “flutuar” significa ir para fora ou mandar para a superfície, “afundar” significa interiorizar ou purgar. As doenças podem localizar-se no corpo em partes diferentes (acima, abaixo, interior ou exterior), e podem ter tendências diferentes de movimento: para cima (por exemplo, vômitos), para baixo (por exemplo, diarréia), para fora (suor noturno) ou para dentro (interiorização de um fator patogênico). Desta forma, deve-se escolher as drogas em acordo com a localização da doença no corpo, mas em oposição à sua tendência de movimento.
Drogas que flutuam ou sobem têm ações “para cima” e “para fora”, e são usadas para elevar o yang, aliviar síndromes do exterior por diaforese, dispersar vento ou frio da superfície, induzir ao vômito, restaurar a consciência do paciente, etc. Drogas que descem ou afundam têm ações “para baixo” e “para dentro”, e são usadas para dispersar o calor, causar purgação, promover a micção, remover umidade, parar a subida do yang, mandar para baixo o qi rebelde a fim de parar o vômito, aliviar tosse e asma, melhorar a digestão para resolver a retenção de alimento, e tranqüilizar a mente.
As ações em termos de movimento das drogas são proximamente relacionadas com as suas propriedades e sabores. Drogas picantes e doces ou drogas quentes e mornas normalmente têm a característica de flutuar e subir, enquanto drogas amargas, azedas e salgadas têm usualmente a característica de afundar e descer. Muitas vezes o movimento de uma droga está em acordo com a sua densidade aparente ? substâncias leves tendem a flutuar e subir, substâncias pesadas tendem a afundar e descer ? mas há exceções a esta regra. E ainda, a forma de processar a substância e a presença de outras drogas numa prescrição pode facilmente influenciar seu movimento.

Afinidade com um canal
Uma sustância pode exercer efeitos óbvios ou uma ação terapêutica específica em alterações de um certo canal (incluindo o órgão ou víscera relacionado), mas com poucos ou nenhum efeito em outros canais. A afinidade de uma substância por um canal é determinada empiricamente, ou seja, de acordo com sua eficácia em tratar desequilíbrios particulares.

Toxicidade da droga
Nos textos de materia medica chinesa pode-se observar que algumas drogas têm a classificação de “levemente tóxicas”, “tóxicas”, “extremamente tóxicas” ou “mortalmente tóxicas”. Isto indica que mesmo dentro da dosagem terapêutica estas drogas têm o grau de toxicidade indicado pela sua classificação, e obviamente deve-se escolher uma substância alternativa. Somente em casos onde for a única alternartiva de tratamento pode-se escolher uma droga dentre estas, e aplicá-la com extrema cautela.

Aplicação das drogas

Compatibilidade
Uma droga pode ser usada sozinha numa prescrição, mas pode ser combinada com uma ou mais drogas. Nos casos onde duas drogas são combinadas, pode-se observar seis efeitos advindos da combinação: reforço mútuo, quando drogas de características similares são usadas em coordenação para aumentar os seus efeitos; assistência mútua, quando uma droga com algumas características parecidas com a de outra é usada como subsidiária, a fim de fortalecer o efeito da principal; restrição mútua, quando a combinação é usada para reduzir ou eliminar a toxicidade ou efeitos colaterais das drogas; detoxicização mútua, quando uma droga é usada para reduzir a toxicidade da outra; inibição mútua, quando o uso conjunto causa a diminuição ou perda do efeito terapêutico; e incompatibilidade, quando o uso conjunto faz com que a combinação se torne tóxica ou tenha efeitos colaterais.
Quando combinando duas ou mais drogas, estas devem ser escolhidas tendo em mente suas interações, e os efeitos de inibição mútua e de incompatibilidade devem ser evitados.

Contra-indicações
Além de restrições alimentares que podem ser aplicáveis tanto à doença em si quanto às drogas usadas para combatê-la, são importantes dois grupos de contra-indicações tradicionais: “Dezoito Medicamentos Incompatíveis” e os “Dezenove Medicamentos em Antagonismo Mútuo”. Além disso, algumas drogas podem danificar o qi original do feto e levar ao aborto, e são proibidas durante a gravidez.

A formação de uma prescrição
Uma prescrição é muito mais que uma simples coleção de drogas. Entende-se por “formar uma prescrição” escolher as drogas de acordo com as suas funções dentro da prescrição, baseado nas suas propriedades, sabores, movimentos, afinidade com os canais, e respeitando a sua compatibilidade e contra-indicações.
Numa prescrição, as drogas adquirem os seguintes papéis, que devem ser claramente distingüidos por quem prescreve:
Droga principal: a droga principal é a que está destinada a produzir os efeitos que tratarão a raiz ou a manifestação principal de uma síndrome ou doença.
Droga assistente: pode ter dois significados, o da droga que é usada para reforçar o efeito da droga principal, ou o da droga que é usada para produzir os efeitos terapêuticos principais no tratamento dos sintomas que acompanham uma síndrome.
Droga coadjunvante: pode-se dividir a droga coajuvante em três tipos. O primeiro reforça os efeitos das drogas principal e assistente ou trata sintomas menos importantes, por si só. O segundo tipo reduz ou elimina a toxicidade das drogas principal e assistente de modo a impedir o aparecimento de efeitos tóxicos ou colaterais. Finalmente o terceiro tipo é usado para lidar com a possibilidade de vômitos após ingerir uma decocção de efeito muito forte, ela deve possuir os efeitos contrários aos da droga principal em termos de compatibilidade mas deve ter efeitos terapêutico suplementares à esta.
Droga-guia: há dois tipos de droga-guia, um para levar as outras drogas ao local onde está instalado o desequilíbrio; e o outro para coordenar os efeitos das diversas drogas dentro de uma prescrição.


FONTE: acupuntura.pro.br

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

O Mistério do Chi

Encontrei essa série no Youtube e não poderia deixar de colocar aqui. Ela dá uma boa noção básica de como funciona a Medicina Tradicional Chinesa. Espero que aproveitem.



















terça-feira, 10 de novembro de 2009

Fitoterapia Chinesa (Parte I)

O campo da Fitoterapia Chinesa – o uso de drogas não quimicamente processadas com finalidade terapêutica, segundo os princípios da Medicina Tradicional Chinesa – é frequentemente mal compreendido no Brasil devido à escassez de material bibliográfico que trate o assunto com a profundidade necessária. Não é raro depararmo-nos com erros básicos devido à uma interpretação superficial de regras gerais que não são sempre aplicáveis. Um exemplo comum é a tentativa de aplicar diretamente a correspondência das Cinco Fases (ou Cinco Elementos) da cosmologia chinesa com os chamados “cinco sabores”, sem levar em consideração as outras propriedades dos compostos. Além disso, uma prescrição fitoterápica na maioria das vezes engloba 6 ou mais componentes, sendo um ou dois deles os agentes principais contra a causa do mal mas tendo os restantes papéis não menos essenciais, como de impedir um efeito colateral indesejado ou “encaminhar” o agente principal ao locus da doença.
Qualquer alimento pode ser classificado conforme as propriedades aqui descritas, e esta classificação forma a base da Dietética energética Chinesa. O leitor concluirá logo que recomendações do tipo “este alimento é bom para tal órgão” são vazias de significado, do ponto de vista da Medicina Tradicional Chinesa, pois “é bom” não leva em consideração nenhuma análise das propriedades de um alimento em relação aos vários padrões de desequilíbrio que podem manisfestar-se ligados à um órgão do corpo.
Com o objetivo de oferecer um panorama introdutório, porém preciso a ponto de mostrar a complexidade do tema, oferecemos este artigo que trata da história do pensamento por trás do modo de operação da Fitoterapia Chinesa. Ele será seguido de um segundo artigo tratando dos princípios gerais envolvidos na escolha dos fitoterápicos. Não serão oferecidas sugestões ou nomes de fitoterápicos para evitar o seu uso indevido.
O aparecimento da Fitoterapia na China

Shang
O Império Shang, primeira dinastia chinesa a deixar traços de procedimentos terapêuticos, floresceu aproximadamente entre o 18º e o 16º séculos a.C. A história dos Shang foi documentada durante o período Chou. O conceito predominante a respeito das causas do adoecimento, na dinastia Shang, era o de atos perniciosos praticados por terceiros ou por ancestrais mortos. O procedimento terapêutico era concentrado em aplacar ou expulsar o espírito suspeito de causar o mal, e foi chamdo de “exorcismo da causa”.
Preparações medicinais, como drogas feitas com plantas, aparentemente não tiveram lugar na medicina ancestral dos Shang: não estão presentes nos ossos oraculares inscrições que contenham nomes de drogas, e não foram encontrados caracteres que possam significar “medicamento”.

Chou
A data incerta de 1100 A.C. é geralmente aceita como o início da dinastia dos Chou. A visão prevalente no período Chou parece ter sido a de que o sistema bem ordenado de relações e comunicação entre as criaturas vivas e o mundo dos deuses e espíritos havia caído num estado de grande confusão e posteriormente rompido-se completamente. Apareceram, durante o período dos Estado Combatentes, os mitos que reconheciam nos demônios (gui) uma influência maléfica crescente sobre os humanos.
As práticas terapêuticas tornaram-se então essencialmente demonológicas – não bastava mais apenas aderir a um comportamento agradável aos ancestrais para garantir a saúde, era agora necessário que os espíritos guardiães do indivíduo fossem fortes o suficiente para protegê-los dos espíritos maléficos.
Neste contexto acreditava-se no poder de algumas substâncias, além de certos encantamentos, exorcismos e talismãs, de afastar ou expulsar os demônios causadores do adoecimento. Um compêndio preparado por Sun Si-miao, por exemplo, lista 32 drogas eficazes contra demônios.
O paradigma das correspondências

O paradigma das correspondências baseia-se na crença de que os fenômenos do mundo visível e do mundo invisível estão em dependência mútua através da sua associação com certas linhas de correspondência. Manipulações de um elemento numa determinada linha de correspondência podem influenciar elementos nessa mesma linha.

Correspondência mágica
As linhas de correspondência mágica são normalmente separadas umas das outras e não podem exercer influências mútuas. Uma das espécies de correspondência mágica é a correspondência homeopática, que repousa sobre o princípio de que os iguais se influenciam.
A literatura médica chinesa dos últimos dois mil anos, especialmente os trabalhos devotados à drogas medicinais, frequentemente contém medidas terapêuticas derivadas de mágica homeopática. Pode-se citar como exemplo Li Shi Zhen (1519-1593), autor do Bin Hu Mai Xue e do Qi Jing Ba Mai Kao, segundo maior autor sobre materia medica chinesa, que descrevia o uso de escovas de madeira carbonizadas como remédio a ser tomado para inchaço abdominal devido à ingestão de piolhos.

Correspondência sistemática
O florescimento e ascenção da ideologia de correspondência sistemática à posição de dominância conceitual dentro da filosofia natural chinesa, provavelmente a partir do fim da dinastia Chou, foi um dos períodos mais decisivos na hitória intelectual da China. Reconheceu-se que não apenas um número limitado de elementos forma uma linha de correspondência, mas que todos os elementos naturais e conceitos abstratos podem ser incorporados num sitema único de correspondências. As doutrinas do Yin-Yang e das Cinco Fases foram a base para que esse passo conceitual pudesse ser dado.
A característica significativa da filosofia chinesa nos 500 últimos anos antes de Cristo é a tentativa de explicar os fenômenos do mundo sensível como acontecimentos naturais, sem referir-se a forças misteriosas como deuses ou ancestrais.
Um texto de prescrições chamado Wu shi er ping fang, desenterrado do sítio arqueológico de Ma Wang Dui, dá ampla evidência de que técnicas complexas de farmacologia (utilizando substâncias naturais) estavam em uso por volta do século II a.C.
Taoísmo

O ponto comum entre as muito divergentes correntes do taoísmo é o conceito de Tao, o inominável, indescritível, inefável. O confucionismo também referia-se ao Tao, mas com um sentido mais de “maneira correta do homem coexistir em sociedade”. Se os confucionistas criam que um estudo do homem pode levar ao conhecimento dele próprio – a mais alta das criaturas – os taoístas sentiam que a observação da natureza é que fornece insights sobre o homem, que não é em nada melhor que o mais baixo dos vermes.
Mas os taoístas estavam mais preocupados com o conhecimento de como harmonizar-se com a natureza – o conceito de “não-ação” é um dos mais conhecidos da filosofia taoísta. Enquanto os confucionistas tinham como ideal o te (virtude, força moral), que resultava da obediência a um sistema detalhado de regras e ritos sociais; os taoístas rejeitavam explicitamente tais imposições, baseados na sua doutrina de que o te (potencial) resulta da adaptação, conformação, suavidade e passividade, que permitiam a manifestação do Tao.

Terapia pragmática com drogas
O primeiro capítulo do Nei jing Su wen refere-se ao conceito primeiro expresso por Chuang Tzu de “completar todo o seu período de vida, e não morrer prematuramente no meio do caminho”. A aversão de Chuang Tzu à métodos artificiais de prolongar a vida material teve pouca influência no desenvolvimento subsequente do taoísmo durante as dinastias Ch’in e Han. Os adeptos taoístas passaram a almejar a imortalidade física, ou ao menos a longevidade, e além de métodos de qigong (chi kung) passaram a pesquisar a suplementação do corpo com substâncias eficientes para alcançar este fim.
O confucionismo defendia a classificação de cada indivíduo membro da sociedade em um sistema rígido e normativo de estrutura social, e a visão confucionista do mundo ligava a preservação da saúde individual à adesão à normas de condutas motivadas sociopoliticamente. Em contraste, o taoísmo lutava pela libertação do indivíduo destas obrigações sociais. A terapia com drogas (derivadas de plantas ou de minerais), que prometia a cada pessoa boa saúde e a longevidade sem envelhecimento, independentemente da submissão à normas de conduta social, foi para os taoístas um campo de estudos muito mais atraente que para os seus rivais. Foi devido a estas diferenças filosóficas que tentativas de estender as teorias médicas de correspondência sistemática, que inicialmente não tinham nenhuma relação com a fitoterapia, somente foram feitas no século XI, quando taoísmo e confucionismo tiveram uma aproximação conceitual, embora num nível restrito.
A tradição farmacêutica do Shen nung pen cao jing e de trabalhos subsequentes revela, em comparação com a tradição médico-teórica do Huang di Nei jing diferenças características que demonstram que estes dois campos não podem ser simplesmente agrupados sob o rótulo de “taoístas”. Embora o Shen nung peng cao refira-se a uma categorização primitiva com respeito ao yin-yang, não há integração dos efeitos das drogas com a fisiologia do organismo como descrita através da correspondência sitemática. Com apenas uma exceção, nenhuma menção é feita à doutrina das Cinco Fases.
Sung-Chin-Yuan

Uma comparação entre as versões Tai su, a mais próxima do original Han, e a Su wen, a versão do Huang di nei jing totalmente revisada durante a dianastia Tang e então uma vez mais durante a Sung será útil para ilustrar o processo de integração da terapia com drogas ao conceito de correspondência sistemática. Pode-se observar que na primeira versão já se encontra uma ferramenta conceitual para regular a ingestão de alimentos segundo uma enfermidade, devido à presença de uma classificação dos alimentos segundo suas cores, sabores e efeitos no corpo, segundo a doutrina das Cinco Fases. Por outro lado, na segunda versão o fator dietético é muito menos significativo e o fator terapêutico é preponderante, e foram adicionadas as propriedades térmicas das substâncias e as suas ações (em termos de movimentos).
Assim, pelo menos a partir do século VII ou VIII, os pré-requisitos essenciais à criação de uma farmacologia de correspondência sistemática já estavam presentes no Huang di Nei jing. Tal empreendimento foi iniciado durante o período Sung-Chin-Yuan, e consistia em tentar analisar as qualidades de cada droga e ligá-las aos seus efeitos terapêuticos, integrando estes dois através da doutrina das Cinco Fases. O clássico Tang ye pen cao de Wang Hao-ku representa o ápice desse esforço monumental.

FONTE: http://acupuntura.pro.br

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Fundamentos de Medicina Tradicional Chinesa

Os fundamentos da medicina tradicional chinesa dependem da compreensão da filosofia taoísta, do conceito de energia e do estudo das relações entre o homem - o céu - e a terra.
Filosofia Taoísta
Taoísmo
Tao é tudo o que existe e ao mesmo tempo nada. É o princípio da unicidade. A palavra Tao poderá ser traduzida de diversas formas, Literalmente significa: falar, dizer ou conduzir. Poderia ser traduzido como " orientação da mente" ou "o caminho para a mente espiritual". Como alguns escritores preferem: "o caminho para a imortalidade". Segundo Lao-Tsé: "O Tao que pode ser definido, não é o Tao Eterno".
O Taoísmo utiliza o conhecimento das ciências míticas, cosmologia, tchi kun, meditação, poesia, filosofia para que o indivíduo através do auto-conhecimento se torne uno com o universo. Foi um modo de vida quase desaparecido no mundo, foi criticado como uma superstição pitoresca e sem valor, tornou-se incerto depois do domínio comunista, e hoje raras pessoas mantém-se nesse caminho. O Taoísmo sofreu influências do conhecimento do "Livro das Mutações" - I Ching.
Alguns dos filósofos que introduziram e divulgaram o taoísmo foram:
• Lao -Tsé, escreveu o grande livro que pode ser considerado como a Bíblia taoísta: Tao Te King- O livro do sentido da vida.
• Chuang -Tsé- foi o discípulo mais próximo de Lao-Tsé, e também escrevia versos pitorescos.
• Chu-Shao-Hsien- Escreveu o Tao Tsang, uma enciclopédia taoísta com 5485 volumes.
O Tao
O Tao é o incognoscível, vasto, eterno . Como vazio indiferenciado, puro espírito, é a mãe do cosmos; como não vazio, é o receptáculo, o amparo e, num certo sentido, o ser dos objetos inumeráveis, que permeia a todos. Como o alvo da existência , é o Caminho do Céu, da Terra, do Homem. Segundo ensinou Lao-Tsé, é melhor confiar as coisas ao Tao, sem intervir no seu curso natural pois: "coisa mais fraca no céu e na terra, supera a mais forte, vem de lugar nenhum e penetra onde não há nenhuma fenda. Sei assim o valor da inatividade. Raros são os que reconhecem o mérito do ensino sem palavras e sem atos."
Lao-Tsé ensina que Tao (Caminho) não passa de um termo aceitável para que fora mais bem chamado "o Inominado".
Dizer que existe equivale dizer que não existe, apesar de o vazio ser a sua verdadeira natureza. Dizer que não existe é excluir a plenitude permeada por ele. As palavras limitam e o Tao não tem limites. É T’ai Hsu (o Grande Vazio), isento de características, auto- existente, indiferenciado, iinconcebivelmente vasto, mas presente todo inteiro numa semente. É também T’ai Chi ( a Causa Final, a Mola Mestra do Cosmos). É ainda T’ai I (o Grande Modificador) , as suas mutações não conhecem termo. Apreendido pela visão limitada do homem, é também T’ien (o Céu), fonte do governo e ordem. É a Mãe do Céu e da Terra, e nada existiria sem seu alimento.
Essa concepção do Tao torna-o muito maior que Deus, uma vez que os deístas asseguram o criador estar para sempre separado das suas criaturas. O cristão, embora aspire viver diante da face de Deus, jamais sonharia em ser um Deus! Assim, Deus é menos que infinito e exclui aquilo que não é Deus. Para o Taoísta nada está separado do Tao.

Elementos do Taoísmo

YIN E YANG
É o conceito e o estudo da dualidade energética.
MUDANÇAS CÍCLICAS
Conceito básico do Taoísmo e da mtc de transformação.
WU HSING ( As cinco atividades ou elementos)
É a teoria dos cinco elementos (ou movimentos), aprenderemos mais sobre esta teoria em secções a seguir.
VEIAS DE DRAGÃO
São linhas invisíveis, que fazem a união do Yang puro , e do Yin puro , correndo do céu para as montanhas e destas para a terra, a sua função é similar à dos canais energia do corpo humano que tanta importância tem para a acupuntura e o tchi kung (ou chi kung ou Qi Gong).
Os taoístas observaram que em certos lugares existem essas veias de dragão, por onde flui Yang tchi (vitalidade Cósmica) que vai ao encontro de Yin tchi (vitalidade da Terra). Tais veias podem ser observadas por indivíduos treinados na ciência do Yin e Yang. Da noção das veias de dragão originou-se a ciência do Feng Shui (vento e água). A localização de novas moradas, assim como, o local das sepulturas é escolhido de acordo com essa ciência, para se tirar o máximo proveito do fluxo de vitalidade cósmica e assegurar o coreto equilíbrio do yin e yang..

OS TRÊS TESOUROS
Há três substâncias ou energias de imensa importância no taoísmo conhecidas como os três tesouros: Jing (essência), chi (energia) e Shen (espírito).
WU WEI
Significa literalmente ausência de ação, isto é, não agir em determinadas circunstâncias, deixar a natureza agir.
Um taoísta dedicado é alguém que procura viver o mais possível de acordo com a Natureza: contemplação de seus caminhos, reconhecimento de sua adequação e consciência de que tudo nela é bom porque é essencial ao Único.
SERENIDADE
Está inscrita na entrada de todos os mosteiros, escavada nas rochas, pintada nas paredes, e é proferida por todos os mestres e incluída em qualquer livro direta ou indiretamente, ligado ao cultivo do Caminho. É o estado mais importante para ser um Taoísta.
O Taoísmo puro, verdadeiro tem o objetivo de conduzir o indivíduo à mais alta espiritualidade, enquanto que o Taoísmo superficial, isto é, quando se pratica apenas exercícios energéticos sem a compreensão da vida , natureza, etc., e a sua correta aplicação no dia a dia, trará apenas a força física.
Conceito de Energia
Nada poderia existir sem ela. A própria ciência ocidental baseia-se em diversos conceitos de energia, utiliza-se de nomes como: energia solar, térmica, heleótica, sonora, luminosa, ATP, ADP de combustão e etc. Dentro das práticas orientais sejam elas filosóficas, marciais ou terapêuticas utilizamos a palavra tchi (que pode ser escrito com chi, ki ou qi) para expressar energia. O tchi é invisível, mas todos sabemos que ele esta presente. A sua parte material é o sangue (xue). O tchi transforma-se o tempo todo, portanto ele é mutável. Parafraseando Newton: "Nada se perde, nada se ganha tudo se transforma". Esta frase também pode ser aplicada à mtc. O tchi esta em constante mutação, da energia do céu (Yang) para energia da terra (Yin). São estas transformações que fazem as estações mudarem, o ser humano crescer e desenvolver, existirem o calor e o frio, o dia e a noite, o homem e a mulher, a ação e a ausência de ação entre outras transformações.
Nos seres vivos estas energias fluem por canais (meridianos), é como se a água de um rio fosse o tchi, e o rio os meridianos. Nos seres vivos o tchi recebe diversas denominações de acordo com suas funções:
Yuan Qi - Tchi original, conhecido como tchi pré-natal. É dele que origina todas os tchi yin e yang do organismo. O Yuan Qi apresenta muitas funções: força motriz (desperta e movimenta a atividade funcional), fornece o calor necessário a todas as atividade funcionais do organismo através do Portão da Vitalidade, participa da transformação do zhong qi em qi verdadeiro, facilita a transformação do gu qi em xue, o local onde o Yuan Qi permanece são os pontos fonte (ele dá origem a estes pontos).
• Jing - essência, nos seres vivos há dois tipos de Jing: o inato e o adquirido.
• Jing Qi Inato - energia herdada dos nossos pais no momento da nossa concepção. Esta tchi não pode ser reposta, somente através de práticas profundas de tchi kun. É este tchi que dá a nossa constitucionalidade, isto é, as nossas características físicas, personalidade e tendências a desequilíbrios.
• Jing Qi Adquirido - este é adquirido através da alimentação e da respiração.
• Gu Qi - tchi dos alimentos, representa o primeiro estágio na transformação do alimento em tchi. Ele é produzido pelo Baço (Pi) e ainda esta sob a forma que não é utilizada.
• Kong Qi - origina-se no ar que respiramos através dos pulmões (Fei), antes de o utilizarmos.
• Zhong Qi - o Baço envia o Gu Qi aos pulmões, que reage com Kong Qi absorvido e forma o Zhong Qi. Este sim pode e vai ser utilizado. O Zhong Qi auxilia o Pulmão e o Coração nas suas funções de controlar ao tchi, a respiração, o xue e os vasos sanguíneos respectivamente. É Zhong Qi que auxilia o coração e o pulmão a empurrar o tchi e o xue para os membros.
• Zhen Qi - o tchi verdadeiro, é o último estágio da transformação de tchi. É o Zhong Qi transformado através de acção catalítica do Yuan Qi. O Zhen Qi irá formar o Ying Qi (tchi nutritivo) que alimentará todo o organismo através dos meridianos e o Wei Qi (tchi defensivo) tem a função yang da defesa do corpo, flui na parte externa sob a pele.

Funções do Tchi
• Atividade e Transformação - todos os movimentos do corpo, voluntários ou involuntários são manifestações de tchi. A atividade do SNC, simpático e parassimpático são funções do tchi. Não há processo de transformação sem a presença do tchi, seja da alimentação, respiração, do sangue e dos fluídos.
• Transporte - o transporte dos alimentos a serem digeridos ou eliminados, os sentidos por onde flui o tchi nos meridianos são manifestações da energia.
• Manutenção Þ da urina, do sangue, do suor e dos fluídos.
• Proteção - o tchi protege o corpo das agressões dos agentes patogênicos exógenos.
• Aquecimento - o calor no corpo humano é uma demonstração de vida. Não adianta nutrir o corpo se esta não se transformar em Zhong Qi e se esta não se movimentar. O seu movimento e o seu processo de transformação geram a manifestação de calor. O sinal de vida é o calor. Este é controlado por três centros de energia, San Jiao, superior, médio e inferior.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Introdução a Medcina Tradicional Chinesa (primeira parte)

A medicina tradicional chinesa (doravante designada MTC) é muito mais do que uma prática médica. Consideramos aqui a palavra médica dentro do conceito ocidental que significa "arte ou ciência de evitar, curar ou atenuar as doenças (segundo o dicionário Aurélio)". Também dizemos que a MTC é um conjunto de recursos terapêuticos, não a define bem. Na verdade o seu conceito é muito mais amplo. Quando entramos em contacto com a MTC ela mostra-se como um caminho para o tratamento, mas logo em seguida percebemos que para se tratar a doença, precisamos desenvolver o nosso auto-conhecimento e finalmente percebemos que a MTC é um caminho de transformação e uma opção de vida.
Na realidade, quando estudamos profundamente a MTC percebemos que suas raízes encontram-se fundamentadas no "Livro das Mutações" (I Ching). Este influenciou a ciência, a filosofia, a arte e toda a sabedoria do povo chinês. O I Ching é uma ciência numerológica, onde se classifica todos os eventos nos 64 hexagramas. Também é muito utilizado como um oráculo de sabedoria. Influenciou o confucionismo, o taoísmo e do budismo na China.
Como podemos observar, a MTC está baseado em princípios filosóficos, na observação dos fenômenos da natureza e na sua influência energética, no ser humano, nas suas relações internas e externas, na astrologia chinesa, na compreensão do princípio único (Tao) e na sua dualidade energética (Yin e Yang).
O objetivo das práticas terapêuticas baseadas na MTC, é compreender os fatores que propiciaram ao indivíduo o seu desequilíbrio energético e tentar estabelecer a fluidez energética obtendo o equilíbrio. Para isso, o seu diagnóstico (mais correto avaliação energética) procura estabelecer relações do seu comportamento, alimentação, analisa odores, transpiração, pulso, língua, condições da natureza que esteve exposto, entre outras coisas, para determinar qual é o princípio de tratamento a ser realizado. Este tratamento energético pode ser obtido através de diversas práticas terapêuticas orientais:
Acupuntura: técnica de inserir agulhas finíssimas em pontos específicos dos meridianos com o objetivo de restabelecer o fluxo natural de energia (doravante denominada chi). A acupuntura pode ser dividida em sistêmica (aquela que utiliza agulhas no corpo inteiro), auriculoacupuntura (utiliza o pavilhão auricular com agulhas, sementes, esferas e magnetos), Koryo Sooji Chim (insere agulhas nas mãos), Colorpuntura (utiliza das cores) entre outras técnicas.
Moxabustão: técnica que consiste em aquecer ou queimar os pontos, restabelecer o fluxo de chi. Também é muito utilizada para expulsar o frio dos canais.
Ventosa: técnica que se utiliza copos que produzem o vácuo sobre uma determinada região (pressão negativa), promovendo assim que o sangue se superficialize, com isto desfaz a estagnação de sangue. Muitas vezes também utilizado para promover a sangria da região.
Massagem: através de toques, pressões e deslizamentos tem como objetivo ativar o fluxo energético. Há diversos tipos de massagem (shiatsu, tui-ná, an-ma, seitai, jão tche, entre outras).
Fitoterapia: através da utilização de plantas, propicia a ativação, eliminação e o fortalecimento do chi.
Chi Kun: técnica que se utiliza exercícios, posturas e meditações baseados na respiração tem como objetivo desenvolver a consciência e o aprimoramento do chi.
Feng Shui: estudo das moradias, tem como objetivo desde escolher o local onde devemos morar até definir o tipo de construção.
I Ching: técnica cabalística que tende através da sabedoria dos hexagramas e sua interpretação, mostrar as opções do caminho a seguir.
Astrologia Chinesa: através das influências das energias no momento (hora), dia, mês e ano do seu nascimento tenta ajudar na compreensão da sua personalidade e tendências.
Um erro comum no ocidente, é acreditar que as práticas terapêuticas orientais são uma maneira apenas de tratamento das doenças. Estas práticas são uma ciência com conceitos próprios diferentes e independentes dos conceitos da medicina ocidental.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

A PERCEPÇÃO DO MODELO HOLÍSTICO DA REALIDADE

" A Mudança da concepção mecanicista para a concepção holística da realidade é como o resultado de uma transformação de dimensões inéditas"

"Fritjof Capra"



A mudança da consepção mecanicista para a holística, deriva da palavra grega Holos que significa julgar uma coisa pela inter-relação funcional de todas as partes. Em essência, o paradigma completo oferece um modelo dinâmico de ver e considerar tudo como um todo orgânico. A deficição no dicionário de "todo" inclui os conceitos de: o que contém todas as partes componentes, não dispersas, mas unificadas e restauradas, saudáveis e curadas.

Ao aplicar princípios de totalidade em sua vida diária, você começará a desenvolver uma perspectiva que aumenta sua sensibilidade interior para todo o teu ser FÍSICO - EMOCIONAL - MENTAL - ESPIRITUAL. Da mesma forma, no processo de mudar a sua visão para um conceito de totalidade, você poderá ver a si mesmo com clareza nas suas relações externas com outras pessoas ou com o seu meio ambiente.

Ao mudar para um conceito holístico, você estará se expandindo para uma consciência que afetará profundamente todo o seu processo de viver. Estará se abrindo para vastos "insights" e para um novo sentido de confiança no derenrolar de seu curso de vida. A perspectiva da totalidade muda a sua visão para inclusiva em vez de exclusiva, expande ao invés de restringir, é esférica em vez de quadrada, e permite-lhe ver o modelo completo, colocando as peças em perspctiva, em relação umas as outras, em vez de partes isoladas, sem ligação alguma.

"Com o modelo holístico, você poderá ver e intuir, a interligação de todas as coisas. Você pode ver o fluxo natural de energia"

Na busca pessoal do Eu Interior, a jornada geralmente começa com formas externas movendo-se para níveis internos de conhecimento e experiências. Assim começaremos com os conceitos de saúde total que, automaticamente, com a nova visão holística, passaremos a considerar Saúde como princípios que se aplicam à dimensões física do nosso ser, bem como aos nossos aspectos emocionais, mentais e espirituais.

O Princípio total para a sua vida, significa olhar para todas as partes em conjunto e também para aquela que mantem a harmonia entre as partes. " O que mantém a harmonia, falando de uma maneira total, é que além das nossas experiências físicas, emocionais, ou mentais, a vida consiste de uma essência chamada de "DIMENSÃO ESPIRITUAL" que todo mundo possui e é.

Se invertermos a nossa maneira de pensar em relação a nossa existência aqui neste plano terrestre, veremos que sempre fomos e sempre seremos "ESPÍRITO", mas que neste exato momento estamos vivenciando uma experiência terrestre, enquanto nossos outros corpos estão trabalhando e se desenvolvendo em outros níveis de consciência, pois somos seres multi-dimencionais.

Ao usar os princípios da totalidade referentes à sua saúde, você estará mudando seu paradgma, isto é, de um modelo mecanicista para um modelo sobre o todo. A visão mecanicista da saúde como da medicina moderna ocidental, encara o corpo como uma máquina com partes a serem tratadas separadamente. A ênfase é no corpo físico com pouca ou nenhuma atenção às novas dimensões emocionais, mentais e espirituais.

O Princípio mecanicista não está errado porque reconhece uma necessidade de se tratar uma parte física ferida ou doente, mas tende a excluir a verdade maior de que:

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Toda a parte do nosso ser devem ser ativada no processo de cura ou no processo de manter o bem estar positívo e holístico.

Cabe salientar uma verdade neste momento, para que estes processos de cura possam ser ativados e trabalhados em conjunto com o corpo físico, todos devem procurar profissionais devidamente preparados para trabalharem este conceito integrada de cura. Estes profissionais são conhecidos como Terapeutas Holísticos e atuam em diverssos segmentos e tratamentos alternativos, que são em sua essência mais integrados do que a própria medicina tradicional ocidental.

O princípio mecanisista tende a tratar os sintomas, enquanto que o princípio da totalidade procura modelos recorrentes. Sintomas e causas são tratados, examinados, e o indivíduo no caso, tem uma oportunidade de crescer nos muitos níveis do seu ser.

Manifestações de doença, dor e outros sinais de infelicidade são encarados como informações importantes sobre conflitos, desequilíbrios no uso da energia, e desarmonia dos elementos dentro da pessoa. A doença em qualquer nível do seu ser é vista como um processo para expandir sua consciência, aumentando sua sensibilidade para campos de energia interligados da dinâmica Corpo - Emocões - Mente - Espírito.

No modelo mecanicista de curar, a ênfase está principalmente na habilidade de uma outra pessoa em curá-lo. Você deve ter aprendido quando criança, que toda vez que você ficasse doente, arrasado, ou de alguma maneira não estivesse bem fisicamente, deveria passar a outra pessoa o seu poder ou responsabilidade de se curar.

Novamente, a técnica mecanicista não está errada em sua afirmação de que outras pessoas podem ajudá-lo. Este aspecto é muito importante de ser comentado neste instante, pois esta atitude esta intrinsecamente ligada a humildade interior e maturidade emocional e espiritual, pois no desabrochar de uma Nova Era não caminhamos sós, pedimos sim auxílio para pessoas mais experientes.

Em contraste o modelo holístico tem como um de seus pilares básicos o conceito de que você assume a responsabilidade do seu processo de cura e manutanção de saúde. A afirmação é de que como um indivíduo vivo e ativo, você realmente tem certos controles fundamentais e significativos sobre sua vida, você pode fazer escolhas inteligentes para você mesmo, e tem o poder, dentro de você mesmo, para restaurar e manter a sua saúde.

O Modelo Holístico atribui à responsabilidade de bem estar para o indivíduo e desta forma apresenta-lhe a oportunidade de compreender que nas maneiras mais essenciais você é responsável por sua vida!. Ao mudar a sua Consciência pessoal para um modelo holístico, você não estaria eliminando procurar assitência e orientação dos outros. Mas os relacionamentos entre você e as outras pessoas seria de interação, apoio e inter-relacionamento em vez de dependência, fraqueza e desânimo.

Ao mudar do modelo mecanicista para o modelo holístico, você precisará selecionar instrumentos que são inerentemente designados para expandir a consciência em todos os níveis de seu ser. Técnicas que ativam e promovem a integração da dinâmica, corpo - mente - espírito.

A Técnicas de formação de Curadores que disponibilizo é uma das ferramentas pelas quais você pode adquirir os instrumentos necessários para este seu processo de cura integrada.
FÁBIO CACURI

O Modelo Biomédico

O modelo biomédico ou mecanicista, hoje predominante, tem suas raízes históricas vinculadas ao contexto do Renascimento e de toda a revolução artístico-cultural que ocorre nessa época, associada, igualmente, ao projeto expansionista das duas metrópoles de então - Portugal e Espanha - cuja consecução vai demandar o surgimento de instrumentos técnicos que viabilizem as grandes navegações (astrolábio, bússolas, caravelas, avanços na cartografia, etc), na tentativa, como se sabe, entre os fatores que prioritariamente estimularam o mencionado empreendimento, de reatar o intercâmbio comercial com as Indias, coarctado a partir da tomada de Constantinopla pelos turcos, em 1453. Como precursores significativos das mudanças radicais de ordem técnico-científica ocorridas a partir do século XV hão de ser citadas as contribuições dos astrônomos, particularmente Copérnico e Galileu e, mais adiante, Kepler. A teoria geocéntrica ptolomaica, até então hegemônica e inquestionável, é substituida pela heliocéntrica, a despeito da força dos dogmas católicos proclamados como única forma aceitável de visualizar o universo e todo e qualquer fenômeno, ficando sob risco de enquadramento nos rigores da inquisição aqueles que deles discordassem (e a história dos tribunais da inquiçao evidenciam quão longe se chegou nesse propósito de reprimir os chamados anatemas e hereges que abraçavam idéias nao ortodoxas). O filósofo e matemático René Descartes (1596-1650) é o responsável por um método e uma escola filosófica pioneira na habilitação privilegiada do sujeito que conhece (rescogitans) frente ao objeto ou realidade externa a ele e que vai ser conhecida (res extensa). No seu Discurso do Método Descartes fórmula as regras que se constituem os fundamentos de seu novo enfoque sobre o conhecimento e que persistem hegemônicos no raciocínio médico ainda hoje. A primeira regra preceitua que nao se deve aceitar como verdade nada que não possa ser identificado como tal, com toda evidência, isto é, hão de ser, cuidadosamente evitados a precipitação e os preconceitos não ocupando o julgamento com nada que não se apresente tão clara e distintamente à razão que não haja lugar para nenhuma dúvida. A segunda regra propunha separar cada dificuldade a ser examinada em tantas partes quanto sejam possíveis e que sejam requeridas para solucioná-la. A terceira dizia respeito à condução do pensamento de forma ordenada, partindo do mais simples e fácil daí ascendendo, aos poucos, para o conhecimento do mais complexo, mesmo supondo uma ordem em que não houvesse precedência natural entre os objetos de conhecimento. A última regra se referia à necessidade de efetuar uma revisão exaustiva dos diversos componentes de um argumento de tal maneira que seja possível certificar-se de que nada foi omitido (Descartes, 1960). Uma preocupação adicional de Descartes residia na certeza a que ele podia chegar por meio de provas matemáticas. A Isaac Newton coube a criação de teorias matemáticas que confirmaram a visão cartesiana do corpo e do mundo como uma grande maquina a serem explorados. Assim como a mecânica newtoniana possibilitou a explicação de muitos fenômenos da vida cotidiana, a medicina mecanicista passa a fornecer, gradativamente, os instrumentos requeridos pelos médicos para que pudessem lidar de forma cada vez mais satisfatória,com uma parte crescente das doenças mais corriqueiras. Nao podem ser negados - tanto quanto seria descabido fazê-lo nos dias de hoje - os notáveis avanços ocorridos no campo das ciências biológicas, a partir do século XVII, à medida que também evoluíam a física e a química. O que, cabe, sim, continuar questionando são os descaminhos ou as estratégias e interesses que, em especial a partir da revolução industrial capitalista passaram a prevalescer e que mais adiante serão objeto de maiores considerações. Agora, o alvo do interesse médico passou da história da doença para uma descrição clínica dos achados propiciados pela patologia, isto é, como diz Bennet (1987), de uma abordagem biográfica para uma outra, nosográfica. Grande parte das descobertas da medicina moderna foram sendo, paulatinamente, validadas pela abordagem biomédica. Alguns exemplos, entre tantos, dessas descobertas podem ser realçados, tais como os estudos anatômicos de Vesalius (publicados em 1543), a descoberta da circulação sanguínea por William Harvey, em 1628 e da primeira vacina por Edward Jenner (1790-1823). Mais adiante, na década de 1860 e subsequentes, a era bacteriológica se instaura com a decisiva participação, com merecido destaque, entre outros, de Louis Pasteur e Robert Koch, o primeiro evidenciando o papel das bactérias, seja no processo de fermentação, seja nas
doenças, além de, entre outras contribuiçães, ter chegado às vacinas anti-rábica e contra o Anthrax e o segundo, tendo descoberto o agente etiológico da tuberculose e formulado os postulados que tipificam o rigor do raciocínio mecanicista e sua insistência na correlação causa-efeito: o microorganismo está presente e pode ser detectado em todo caso da doença; ele pode ser cultivado em meio de cultura apropriado; a inoculação desta cultura reproduz a doença em animal susceptível e o microorganismo pode ser recuperado, de novo, do animal infectado. A teoria microbiana passa a ter, já nos fins do século XIX uma predominância de tal ordem que, em boa medida, faz obscurecer concepções que destacavam a multicausalidade das doenças ou que proclamavam a decisiva participação, na eclosão das mesmas dos fatores de ordem socioeconómica. No campo da epidemiología, o trabalho precursor de John Snow abriu caminho
para a compreensão dos elos presentes na determinação das doenças pestilenciais ou epidêmicas e para a possibilidade de intervir sobre as mesmas. Obviamente, no que concerne à abrangência das doutrinas que tentavam compreender o processo saúde-doença, buscando entender a complexidade da sua determinação, já se chegara, no século XVIII, a enormes avanços. Veja-se a respeito os trabalhos de Rosen (1980; 1997), Sigerist (1961), Singer (1981), Foucault (1993), entre tantos outros. As descobertas mencionadas e tantas outras requeriam um modelo explicativo que pudesse incorporar as inovadoras concepções sobre a estrutura e funcionamento do corpo. Durante largo período de tempo, médicos e pacientes tiveram sua atenção voltada para o todo e a interação harmônica das partes. O novo modelo explicaivo introduz a gradativa reorientação nos princípios e práticas que irão conformar a nova medicina, sendo muiilustrativo o modelo mecânico que se erige como analogia para a compreensão do funcionamento do corpo: o relógio e suas engrenagens. Vale a pena, nesse contexto, realçar o fato de que, tanto quanto o próprio Descartes, tido como o pai do racionalismo na moderna filosofia, aos dentistas, de maneira geral, nos séculos XVI e XVII, nao parecia difícil ou incongruente conciliar a crença religiosa com suas observações empíricas. Contudo, o empirismo (na formulação de suas bases, não se pode esquecer a contribuição decisiva de Francis Bacon, o primeiro a formular os fundamentos do método indutivo) foi, aos poucos, tal como ressalta Bennet (1987), substituindo a especulação como fonte primordial da descoberta da verdade e dos segredos da natureza, o que pode ser observado com mais clareza, seja na astronomia, onde as antigas cosmologías, a despeito das reações eclesiásticas, deram lugar a novas teorias, seja na física, com Newton (teoria da gravitação universal, unificação das diversas explicações sobre a natureza e propagação da luz e
tantas outras importantes contribuições). Bennet (1987), em todo caso, chama a atenção para não se exagerar no grau de culpabilidade imputado a Descartes e Newton pelos críticos da medicina mecanicista contemporânea. Para Bennet, suas concepções estariam bem distantes daquelas dos iatromecanicistas de hoje, cujo precursor máximo seria Julien Off ray de la Mettrie (1709-1751) para quem mesmo as doenças mentais teriam uma origem física, a propósito, uma perspectiva de todo coerente com muito do que se partica e investiga na psiquiatria contemporânea (uma apreciação crítica das doutrinas, sobretudo relacionadas às terapêuticas que elas propugnam, de escolas médicas dominantes na Europa e no Brasil nos dois últimos séculos, foi feita por Sayd (1999). Se quisermos ilustrar ainda mais - e com exemplos mais ou menos recentes - o raciocínio mecanicista, podemos tomar o caso do diabetes. Em 1889, se descobre que a alteração metabólica, essência dessa enfermidade, podia ser reproduzida removendo-se o páncreas, em 1921 detectando-se que a administração de insulina aliviava os sintomas. Estava-se diante de mais um clara demonstração de como uma deficiência na "máquina" provocava doença que podia ser "curada" através do emprego de uma substância específica. Texto retirado do artigo: PENSANDO O PROCESSO SAÚDE DOENÇA: A QUE RESPONDE O MODELO BIOMÉDICO?
Autor: José Augusto C.Barros, Professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Pernambuco

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Introdução

Você alguma vez já usou alguma terapia natural? Na verdade todos têm relação com as famosas medicinas alternativas. Na infância nossas mães sempre nos preparavam um chá de alho com limão quando gripávamos, a dor dos hematomas era amenizada pelo calor de nossas mãos e as brincadeiras de rua não deixavam de ser uma ótima maneira de relaxar e se divertir. Enfim, a medicina popular sempre fez parte do nosso cotidiano. Mas o modelo biomédico, que veio junto com o renascimento, fez com que deixássemos boa parte desses conhecimentos de lado, ignorando assim os saberes populares que se desenvolvem há tempos. Hoje tem se percebido os males que esse modelo tem feito a nós mesmos. Cada dia procura-se mais alternativas para se alcançar uma vida melhor. Os antigos povos de todo mundo falavam que para se ter uma vida com saúde era preciso não só entrar em equilíbrio com o corpo, a mente e o espírito, mas também se equilibrar com a natureza e de uma forma mais abrangente com o universo. Hoje já temos até suporte científico que defende a medicina popular, como por exemplo a física quântica. Mais do que uma maneira de curar doenças, as terapias naturais promovem a saúde e é nela que elas mantêm seu foco. Fitoterapia, Qi Gong, Ayurveda, Tai Chi Chuan, Reiki, Acupuntura, Seitai, Homeopatia, Xamanismo são exemplos de algumas terapias naturais que desenvolveram-se ao redor do nosso planeta. Aqui vou tentar mostrar os benefícios e vantagens dessas terapias. Então boa leitura e sejam bem vindos ao PORTAL EQUILÍBRIO.